Ano

2016
Hector

A guerra erradica toda e qualquer diferença até à derradeira humilhação única, de tal forma que o vencedor parecer-se-á sempre com todos os outros vencedores, o vencido com todos os vencidos. A dureza, a crueldade fazem parte do desporto da Guerra, no entanto, o desejo de vingança e o ódio, esse é uma paixão estridente que apodrece a alma e agrava a derrota. A emulação guerreira, geradora da energia individual e da virtude viril da coletividade, é em HECTOR o princípio e o elemento instigador do seu carácter e da sua ação simultaneamente criadora e destruidora. A alma sujeita à Guerra grita por libertação: mas a própria libertação revela-se-lhe sob uma forma trágica, extrema, sob a forma de destruição.


Protegido de Apollo, protetor de Tróia, Hector, o domador de cavalos, comandante entre os troianos, príncipe entre os príncipes, guerreiro maior de Tróia, carrega no seu próprio corpo, a defesa e a condenação da ‘santa Ilíon’.


Momentaneamente abandonado pelo seu Deus, e apoderado pelo medo, Hector arrasta no seu corpo dilacerado a esperança de salvação da polis e a própria justiça, quando padece em combate perante a sombra de Aquiles, o seu espelho no drama trágico. Enquanto signo da própria sociedade, aqui encarada através dos tempos, o eterno duelo apocalíptico defronta-se entre o herói da vingança e o herói da resistência, numa luta já não de forças, mas sim de espírito em que heróis e não heróis, o eterno e o ídolo, a verdade e o erro, se defrontam sem lugar a tréguas, tornando impossível a estima recíproca.


'A partir de' é o mote de criação de HECTOR; um solo que se debruça sobre a resistência física e espírito de busca incessante, trazendo aos limites do corpo as características do próprio mito. 

Protegido de Apollo, protetor de Tróia, o domador de cavalos, comandante entre os tróianos, príncipe entre os príncipes. Guerreiro maior de Tróia, carrega a coragem, nobreza e sabedoria que não o igualam aos Deuses mas que também não o retém na natureza humana condensando, numa figura, a linearidade e força de resistência. 


Quem é Hector? Quem é este Hector? Num espaço vazio, ausente de história, é a fisicalidade, o rigor e a depuração do mito tornado Homem.

Ficha Artística

Direção artística, espaço cénico e interpretação: André Mendes  

Música Original: Pedro Augusto aka Ghuna X 

Desenho de luz: Zeca Iglésias 

Figurinos: Jordann Santos  

Assistência de movimento: Cristina Planas Leitão, Luiz Antunes

Registo de vídeo: Eva Ângelo 

Fotografia de cena: João Octávio Peixoto  

Fotografia promocional: Hugo Ganhão 

Coprodução: Casa das Artes Famalicão, Teatro Municipal do Porto 

Apoio à criação: Fundação Calouste Gulbenkian 

Gestão do projeto: Heurtebise 

Parcerias institucionais: Companhia Instável, O Espaço do Tempo

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